...
Sinto tantas vezes que não marcho ao mesmo ritmo
E não marcho na mesma direção que o resto das tropas
Como um desalinhado...

João Miguel, O Pássaro do Sul

11/01/2010

Dança-me Pela Vida Fora


Quero massagear o teu corpo,
Como se te prestasse um tributo de paixão.
E com minhas mãos, como que num ritual,
Percorrer-te todos os caminhos
E dele extrair a chama da combustão.
E cheirá-la por inteiro,
No ardor de farejar o âmago de tua alma fêmea.
E beijá-la voluptuosamente e com meus lábios
Sorver o suor ensandecido de teus poros
Quero, então, corpos unidos,
Dançar ao som de teus gemidos e sussurros
A dança terna e alucinante do amor.

José Eduardo Mendes Camargo

Há certas coisas que não cabem em uma linha
Não cabem em uma estrofe
Não cabem em um poema,
em mil poemas.
Não cabem em uma idéia
Não cabem em uma alma,
em um corpo, em mil corpos
Há certas coisas que se chamam,
sem se chamar - não cabem em um nome -
se chamam fogo

Lígia Diniz

Só quero que me dances pela vida fora Katyuscia...

5 comentários:

Anónimo disse...

Miguel, a palavra "fogo", no primeiro poema, remeteu-me ao amor do soldadinho de chumbo e da bailarina... um consumirem-se!

Sabes, o pequeno violino que me deste, já está na mala.
Vamos!
"Musimexendo-nos" pela vida...
A nossa!

És sempre mais e mais lindo!

Anónimo disse...

"É preciso dançar ao som da guitarra. Descobrir o Sol no corpo. É preciso estar atento ao movimento do Sol no horizonte. Estar unicamente em movimento não é suficiente. Estar unicamente em movimento com o Sol no Coração é estar em movimento na Órbita Sagrada da Revelação. A dança é a libertação da Energia Solar. Os corpos comungam a mesma energia: tornam-se únicos e são corpos celestes na extensão do horizonte. Tantas vezes os corpos páram e não conseguem dançar. É preciso que os corpos se recolham em si mesmos para que a dança continue noutra órbita. É preciso dançar ao som do vento: as árvores dançam sempre, mesmo quando estão paradas. As árvores são corpos em extensão. É preciso parar o vento.
É preciso que as mãos desenhem corpos tão belos como estes."

[Isabel Aguiar Barcelos]

Tão belos como tu!

Anónimo disse...

Enquanto o verão não chega,
aconchega-te na fogueira do meu colo.
Vamos dançar luas de Agosto
pelas divisões da casa, pega na solidão
e atira-a janela fora contra o ar pesado
das ruas desertas, nubladas, chuvosas
deste nosso misterioso e insuportável
calendário.
Aumenta o volume
e dança, põe a sombra dos objectos a dançar,
mete-te dentro da sombra dos objectos
e dança, dança sobre a luz artificial
que dá graça a todos os insectos
pouco mais do que dançantes.
Eu tenho luas de Agosto dentro de mim
no inverno jacente, não te quero
de sorrisos mortos e mãos vazias.
Mesmo gelado, de ossos quebrados,
exausto, eu quero-te a dançar com os braços
envoltos na fogueira do meu colo.

[Juraan Vink]

Meu ventre dança, freme, para ti...
Aconhega-te na fogueira do meu colo, meu anjo.

Amo-te tanto!

Anónimo disse...

Perfuro o espaço com a minha lança-passo. Volteio, pés assentes no ar, por entre as notas. Queria ser fluida como o som, pungente como as palavras, vulnerável como o timbre. Revelo-me apenas desajeitada, um pouco tonta, um tudo-nada.

[Dançava; às vezes, por dentro de si mesma.]

[Baptista-Bastos]

Tua menina que precisa tanto de ti para sentir equilíbrio!

Anónimo disse...

E gosto particularmente deste:

E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música.

[Friedrich Nietzsche]

Somos nós!