no aço da vontade, contra o tempo.
Insisto sempre!
O templo fálico do querer-te
iça-se sempre mais alto
e ao esfacelar-se
contra o azul do espaço entre nós
mergulha em rajadas de negra furia
no meu peito cinza.
Este saber-te, sem desenhar-te
desunha-me os sentidos
e toco-te com os olhos desossados
para alem de qualquer dimensão.
Porque sentir-te para além de tudo,
é sentir a tua frescura na minha boca
antes mesmo da agua nascer,
antes da fome se extinguir,
já existir a energia do toque sonhado.
Saber-te, é viver futuramente no presente
a furia do extase, explosão,
em chuva serena antes do diluvio...
João Miguel, O Pássaro do Sul
4 comentários:
No portal do querer, não há tempo ou distância - as almas se tocam.
Bom demais ler vocês, João Miguel. Amor que transborda em poesia.
Abraços!
Diferença
Aquilo que é secreto
à tua beira
e longe de ti se torna
tão corrente
Aquilo que é vulgar
longe de ti
mas se estás perto
se torna tão diferente
Aquilo que é mistério
indecifrável
se te aproximas até à minha
cama
E que se torna
raivosamente instável
se por acaso não dizes que me amas
Aquilo que é segredo
se o não escutas
e a tua beira fica
desvairado
[Maria Teresa Horta]
Sabes-me mais do que eu própria... por isso, só em ti, sou.
Amo-te, sabes!?!
Quero saber-me ser-te TUA!
A teu nome pertenço, João Miguel:
Seu nome
Seu nome! em repeti-lo a planta, a erva,
A fonte, a solidão, o mar, a brisa
Meu peito se extasia!
Seu nome é meu alento, é-me deleite;
Seu nome, se o repito, é dúlia nota
De infinda melodia.
Seu nome! vejo-o escrito em letras d'ouro
No azul sideral à noite quando
Medito à beira-mar:
E sobre as mansas águas debruçada,
Melancólica, e bela eu vejo a lua,
Na praia a se mirar.
Seu nome! é minha glória, é meu porvir,
Minha esperança, e ambição é ele,
Meu sonho, meu amor!
Seu nome afina as cordas de minh'harpa,
Exalta a minha mente, e a embriaga
De poético odor.
Seu nome! embora vague esta minha alma
Em páramos desertos, – ou medite
Em bronca solidão:
Seu nome é minha idéia – em vão tentara
Roubar-mo alguém do peito – em vão – repito,
Seu nome é meu condão.
Quando baixar benéfico a meu leito,
Esse anjo de deus, pálido, e triste
Amigo derradeiro.
No seu último arcar, no extremo alento,
Há de seu nome pronunciar meus lábios,
Seu nome todo inteiro!...
[Maria Firmina dos Reis]
Fogo posto
Tu serás o princípio
e o meu fim
Pegando mal de amor
em chama alta
Vulcão em desacerto
e fogo posto
Tão grande que ele é
e já me mata
[Maria Teresa Horta]
Sei-te assim, meu homem!
Enviar um comentário