...
Sinto tantas vezes que não marcho ao mesmo ritmo
E não marcho na mesma direção que o resto das tropas
Como um desalinhado...

João Miguel, O Pássaro do Sul

08/08/2009

A Insustentavel Leveza do Ser



Se existe um titulo de obra que me inspire muitos pensamentos, é este. Este titulo de Milan Kundera, livro que não li, é extraordinario como fonte em mim. E na realidade somos insustentavelmente leves, porque o pensar é leve. E como dizia Anais Nin: "...nós vemos as coisas como somos e não como são."
Senão vejamos; Vida e Morte, em que são diferentes? O que é a Vida? O que é a Morte? E não confundamos estar vivo e viver. Porque quem pensar Vida é isto. Eu pergunto, se é a rotina, se é existir sem sentimentos, se é ausentar-se do sentir.
Vida sim é isto que experenciamos, mas literalmente. Porque há quem simplesmente exista, sem realmente viver. Acobardados de sentir.
E Morte? O que é? Saberá alguém realmente dizer? Na realidade e literalmente, não sabemos o que é. Então porque é que a imagem/ideia que temos dela é má? Porque somos leves. Somos leves velas, que giram no vento dos sentimentos que nos inflam, parecendo às vezes sermos barcos sem timoneiro. Se não sabemos o que é, deixamo-nos reger pelo medo do desconhecido? Sei, parece ser mau, por nos levar quem amamos. Mas "rouba-nos" quem amamos, ou preserva-nos quem amamos para um posterior encontro?
O desconhecido mete-nos medo, e parece ser um forte filtro, onde só passa quem tem mão forte no leme do seu barco, de quem tem uma imensa vontade de saber, de sentir...
O ultimo livro da Biblia é o Apocalipse, palavra essa tambem, que ao longo do tempo, passou a ter conotações negativas, não querendo dizer nada mais que "Revelação".
Então porquê tal conotação? Novamente por medo! Medo de não termos sido justos e correctos, medo de não sermos merecedores de algo.
Perdemo-nos, vogando "levemente" ao sabor do que nos passam, sem pesarmos nós o valor de tudo. E aqui chegado, vem a religião. Existem de facto, experiencias, vivencias de alto teor religioso, mas se cada um de nós está equipado com sondas, velas, radares, sentires diferentes, poderá haver uma maneira dogmatica de vivenciar estas experiencias? Não creio! Poderei eu duvidar de alguém que acredita fortemente, que experienciou do seu modo uma experiencia religiosa? Não! Só acreditamos verdadeiramente, se experienciarmos nós, à nossa maneira. Por isso respeito todos e exijo, que me respeitem, porque quem me "gritar" que é o seu modo o certo, está "cego" e nunca me fará "ver".
Sejamos só leves no voar ao sentir, queiramos insustentavel o não sermos nós...

João Miguel, O Pássaro do Sul

2 comentários:

Anónimo disse...

Só pode ser insustentavelmente leve quem se permite voar, livrando-se dos pesos das "certezas" construídas à força. Pensando bem, como tornamo-nos mais leves quando pegamos nos braços nossos medos, nossas fraquezas, nossas carências, e admitimo-os, fazendo deles não fardos, mas farpas com que aos poucos poderemos fazer nossas asas. Ninguém é leve por não os ter! É leve quando os leva sem renegar-lhes a existência. Quando os permite encarar o espelho dos questionamentos, e, como dizes tão bem, Pássaro, descobrir mais a cada pergunta que se faz... desimportantes as respostas! São as perguntas que nos dão impulso, que nos sopra a vela, que norteia os rumos. As perguntas nos são a rosa-do-vento. Eu delas sempre pétala.

Anónimo disse...

Vida e Viver...
Quantos de nós não rumam incessantemente contra a maré?
Quantos de nós não perderam já o barco para depois o apanharem mais à frente noutro porto?
Quantos não vão desistindo diáriamente para diariamente voltarem a ganhar força??
Para mim a morte em vida pode significar renovação, fim de capítulo; assim como tambem pode ser uma morte diária, lá está, a luta diária que só os fortes vencem com a leveza do coração.
A vida muda-nos?
Prefiro pensar que ganhas a inevitável experiência com o passar do tempo, mas sombras... Só as tem quem nas as combate!

:) Obrigado por partilhares o teu cantinho/jardim.

Que a "vida" jamais ensombre tão grande pensador!

Um abraço do tamanho do mundo!

Maria João