Pergunto-me porque a palavra "harmonia" quando pronunciada, na maioria das vezes, me soa a armadilha. Porquê o verbo que lhe é associado (harmonizar) me parece significar massificação, globalização. Porquê teológica ou politicamente parece quase sempre usada para subliminarmente colar nas costas dos "outros" o "mal".
Não são as diferenças uma das maiores riquezas? A diversidade não é farol imprescindível no incessante trabalho de por em causa a cada momento o que somos, de onde viemos e para onde vamos? Não serão outros modos de entender a vida fontes de crescimento? Opiniões variadas, o húmus ideal ao aparecimento de novas ideias? Profundamente a própria essência do belo não tem raiz na percepção das mais diversas tonalidades dos sentidos?
Neste sentido, para mim, harmonizar massificando é morte. Vida é a defesa da diferença, a riqueza cultural, a multiplicidade de belos.
João Miguel, O Pássaro do Sul
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