...
Sinto tantas vezes que não marcho ao mesmo ritmo
E não marcho na mesma direção que o resto das tropas
Como um desalinhado...

João Miguel, O Pássaro do Sul

03/10/2009

ÉS...




Corres-me as veias, sou amnésia do mundo, memória do beijo que te dei, no dia em que o sol nasceu em teu ventre.
Não sei o passado, nâo o adivinho. O futuro que vivemos, não me interessa, entre ti e mim, o tempo, tem o espaço do circulo que se toca em todos os pontos, e o nosso presente dura desde que ser, há, até que ser, seja.
Apagas todas as medidas a cada golpe do teu olhar, o sangue que jorro sempre que me trespassas à muito diluiu os numeros que esqueci.
Sabemos, sem o ter lido, que tudo está diluido, o or da dor está no calor amarelo de todas as alegrias e no amor que sinto, e a nossa idade, raiz, está tanto na felicidade, como na humidade deixada nas margens molhadas das lagrimas que transbordam à sua passagem, fertilizando tudo que é nosso e que queremos viver, unos.
Tu és, e sempre que a tua mão entra no meu peito e o obriga a falar, ouves: És!
És a água da minha sede, que brota pura sempre mais seca. És fe. Fera, fémea, febre que se esgota, quando sou campo tão seco que tu só sabes ser diluvio universal de mim. És e sabes, és e és, és e sabes sê-lo, conheces a impossibilidade de não ser.
És e sou, porque só seria contigo, minha terra, minha chuva, paz, ninho e mulher.

João Miguel, O Pássaro do Sul

5 comentários:

Anónimo disse...

Extasias-me, meu amor!!!
Que homem lindo que tenho, meu Deus!

Miguel, meu anjo, só sou porque tu és!

SOMOS!

Sou louca, louca. louca por ti.

Tua Katyuscia.

Anónimo disse...

Meu homem que me guarda até a última pestana do dia, e que, cansado de ser tantos para a exigência das horas com prolongamentos marcados, ainda chega com uns olhos de farol à procura da luz na maré dos meus, acendendo-me um sorriso sem castiçal e sem calendário: sorriso de à primeira-vista sempre. Depois das nossas saudades gritadas em letreiros negritos grandes, os braços do meu homem me querem ser porto, mas sou eu toda colo, onde ele se deposita em sol posto. E nessa hora, ah… nessa hora! Crepúsculo tem as cores do calor do corpo dele, que me revela onde é que o sol faz esconderijo toda noite.
O fuso horário é o lugar mais longe do túnel do tempo, mas tenho a rosa-dos-ventos que no meu cabelo é carinho de bem ali. Sou eu agora em afago a guardiã na diferença das horas, e cubro seu sono com meu corpo-inteiro-de-lua-branca. E enquanto sonha, sou clara sobre os seus cílios: esses riscos de asas pousadas de corvos na noite.
Meu homem… onde agora um menino abriga seu medo do escuro… nem percebe que medo tenho eu de não saber lhe ser tudo. Eu assim a querer-lhe tanto, tanto ele assim a mim. Meu tão belo espadachim, que nem percebe o quão me atinge direto o peito quando desnuda o seu, esse céu certeiro em labaredas para o qual minha guerra silenciosa aponta.
Então voo. Abrigo-me no meu Pássaro, e meu pensamento repousa agitado de amor muito, pesando leve todos os pesares do dia, porque perto dele, tudo é pequeno tamanho.

Tu, João Miguel: Meu amor grande. Meu grande amor.

Anónimo disse...

DA CRIAÇÃO

Quando pari teus versos,
rimamos.
E a sintonia foi tamanha,
que não nos separamos mais em sílabas:

T U E U
E U T U
T E U
E U

O ritmo certo,
entonação.
E a devastação
de tudo o que eu chamava
de métrica.

Sou tua obra, poeta,
tua ode, teu soneto.
Sou as letras com as quais brincas
nessa página branca.

Quando pari esses teus versos,
a sintonia foi tamanha
que não nos separamos mais.
.
.
Samantha Abreu.

(Ainda em alusão ao poema que me deixaste, meu anjo... num parir de renasceres...)

Jorge Mendes disse...

Bom!....
Nem sei...
Miguel, fiquei aqui... Li, reli e voltei a ler, e digo-te me amigo, momentos altos viveste ao escrever este texto...

Maravilhoso...
Simplesmente, maravilhoso!...

Um abraço
jorge/gorete

Anónimo disse...

Meu anjo...

Venho muitas vezes à margem deste texto, e desço a boca até a àgua, onde beijo teu rosto refletido nos meus olhos.

És demais! E ter-te meu é um milagre pensado para mim.

"Em quem pensar, agora, senão em ti?
Tu, que me esvaziaste de coisas incertas,
e trouxeste a manhã da minha noite.
...
ensinaste-me a sermos dois;
e a ser contigo aquilo que sou, até
sermos um apenas no amor que nos une,
contra a solidão que nos divide."

[Nuno Júdice / Pedro, lembrando Inês]