...
Sinto tantas vezes que não marcho ao mesmo ritmo
E não marcho na mesma direção que o resto das tropas
Como um desalinhado...

João Miguel, O Pássaro do Sul

20/02/2010

Já é Tempo...

Temporalidade do Desígnio

Já é tempo de construir o poema,
sentir que tudo foi exposto à crítica
e assim revisitar ocultos locais da mente.
Já é tempo de codificar o estilo,
confrontá-lo com as horas mortas
e reanimar todos os sentimentos vazios.
Já é tempo de atribuir-se condição
e sobrepor-se acima do tédio vital,
reanimando sozinho todas as vicissitudes.
Já é tempo de não contemporizar com os erros
e demonstrá-los na imperfeita tábua da lei,
feita para administrar os mais íntimos conflitos.
Já é tempo de renunciar ao medo e expor-se
aos desígnios do tempo magoados de esperanças.
Já é tempo de retornar ao amor das palavras impronunciadas,
readquirindo confiança na sabedoria das sílabas tortas
e novamente sentir a febre de quem recomeça a vida
com a certeza de estiolar novas e gradativas angústias
em meio ao torpor das inutilidades,
fazendo-se monge da solidão e confessor de si mesmo
e fugir para o desvão das ruas noturnas e becos absconsos.
Somente assim será possível a reconstrução tão almejada
de reflorescer no presente as esperanças mortas do passado
que ainda insistem em sobreviver de alegorias
e expectativas elementares que se iniciam
com a nitidez das auroras e fundam-se
com o ácido arrebol das ilusões partidas.
Já é tempo de recomeçar a viver mais uma vez
cultivando sonhos e recusando realidades
e deste modo retornar tranqüilo e confiante
ao deserto onírico das mágoas crepusculares
tão sábias em tecer enigmas e decifrar antigos sofrimentos.

Jorge Nascimento
O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê!

Florbela Espanca

Nós somos assim, não é Mulher?

Já é tempo!
O Nosso Tempo!

4 comentários:

Anónimo disse...

Meu anjo, assim que somos...

"Sou doutras coisas
fiz o meu barco com guitarras e com folhas
e com o vento fiz a vela que me leva
sou pescador de coisas belas, de emoções
sou a maré que sempre sobe e não sossega."

[Fernando Tordo]

É nosso o tempo, o desígnio e a força do poema.

E eu, TUA.

Branca disse...

Respira-se por aqui a beleza de poesia intensa e palpitante.

Escolhas que me encantam e enriquecem e como sempre acabam por ser incomentáveis, porque se sentem mais do que se podem dizer.
Tudo de bom.
Dias felizes.
Com um abraço amigo.
Branca

Branca disse...

Venho desejar-te uma boa viagem para os altos voos que te propões. Espero não me enganar no tempo, possívelmente já voas por estas horas. Pelo que me apercebi num comentário no post da tua mulher hoje é a véspera de um grande dia.
Tudo de bom.
Beijinho de amizade e de muita felicidade.
Branca

Branca disse...

E já tantos dias passaram...

"Já é tempo, o vosso tempo", tempo que voa nas asas de um pássaro livre e feliz...

E passo para desejar uma Boa Páscoa, na Ressurreiçao de todos os dias.

Com amizade.
Beijos
Branca