...
Sinto tantas vezes que não marcho ao mesmo ritmo
E não marcho na mesma direção que o resto das tropas
Como um desalinhado...

João Miguel, O Pássaro do Sul

18/07/2010

O Erro

Apanhei-me perguntando, porque haveria, pessoas mais interessadas, importando-se e outras menos. É marcante a diferença, ou melhor a indiferença. Uma indiferença transversal à maior parte das temáticas e assuntos que nos possam tocar, tal que sociedade.
Mas claro, embora às vezes sejamos relutantes em relação à sabedoria popular, não à regra sem excepção; importam-se muito com "eu". Um "eu" que geralmente é muito sofredor e infeliz, desafortunado, triste. O que falha?
Sinto que embora haja enormes influencias externas, elas não podem explicar tudo. Mergulhei no interno. Bem dentro, como gosto de fazer. Regra geral, os pobres infelizes procuram solução a todos os seus problemas, externamente. Embora não se importem com nada, reclamam de tudo sem terem assumido verdadeiras responsabilidades, fazendo escolhas conscientes, têm preocupações ecológicas porque é de moda, e são solidários porque, parece mal não ser.
Mergulhando dei-me conta de como a palavra auto-conhecimento é errada, pelo menos numa fase avançada, sendo temporalmente correcta no início do processo. Penso se se perguntam, o porquê de tantos males que lhes chegam, se haverá algo nelas que atraia, se simplesmente não se conhecendo, agem duma forma que lhes é contra-natura, se são capazes de se domarem. Sem exageros, claro, sociedade e relações é sinonimo de interacção e responsabilidades repartidas. São uma assumpção de direitos e deveres.
Mas creio que quem vai sempre mais fundo, acaba por perceber, que afinal, mergulhando, não crescemos emocionalmente, sentimentalmente ou outros que valha. Simplesmente descobrimos!
Vão a cada nova sensação questionada, descobrindo uma nova esquina a dobrar, a cada novo dilema moral e ético, pessoalmente desvendado, um brilho interior maior, a cada reflexão, escavando mais um pouco, e isto é para mim muito importante, o tesouro da vida; Sentir o seu caminho debaixo dos pés, sabendo que cada um tem o seu, saber ser um eu, sem deixar de ser um todo, mergulhando no interior, complexo de cada um, deslizar no rio tortuoso da descoberta do ser, desembocando enfim no universal. Sentir inapelavelmente na pele o ser maior, o tudo que existe em cada um de nós e de que somos todos responsáveis ...

João Miguel, O Pássaro do Sul

2 comentários:

Branca disse...

João Miguel,

Gostei imenso de ler esta tua reflexão tão importante na actualidade e tão verdadeira, em que a maior parte das pessoas só se preocupam com o "eu", mas de forma errada, uma forma egoísta de viver, mas no fundo não conhecem o seu "eu", que vive profundamente alienado, daí os lamentos de que falas e a busca de razões externas para todos os males.

És um ser lindo, profundo e te admiro muito.
Beijinhos de muita amizade.
Branca

Anónimo disse...

Às vezes penso se a maioria das pessoas não têm medo, um profundo medo de se deixarem acordar da paralisia, de terem que andar o próprio caminho, fazer escolhas e pensar. Deve ser medonho! Muito medonho o lado de fora da caverna dentro delas, para quererem apenas o que narciso via.

És demais.